domingo, 15 de abril de 2018

Lawrence Durrell: Seferis


Assim como abri esta homenagem ao notável GeorgeSeferis (ou: Yorgo Seferis, Giórgos Seféris, Giorgios Stylianou Seferiadis, Giorgios Seferis...), ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1963, a partir do poema Seféris, a ele dedicado pelo escritor Marcílio Farias, a estou encerrando com mais duas dedicações poéticas. Ontem você leu o intenso Versos a un Poeta Griego, do ensaísta, escritor e tradutor mexicano Jaime García Terrés..., hoje conhece o emocionante Seferis (1972) do romancista britânico Lawrence Durrell, que também foi amigo do autor grego. Tomei ciência deste poema de Durrell a Seferis ao acessar o artigo Dwellers in the Greek Eye (George Seferis and Lawrence Durrell), do escritor, dramaturgo e tradutor George Thaniel (1938-1991) para Scripta Mediterranea Volumes VIII-IX, 1987-88, que você pode abaixar aqui.

Estava pronto para publicar Seferis, de Lawrence Durrell, apenas em inglês quando, por mero acaso, ao buscar dados biográficos de Durrel, me deparei com a tradução para o português do escritor e tradutor brasileiro Jorge Wanderley, no site Antonio Miranda.


                     

SEFERIS
Lawrence Durrell

Time quietly compiling us like sheaves
Turns round on day, beckons the special few,
With one bird singing somewhere in the leaves.
Someone like K. or somebody like you.
Free-falling target for the envious thrust.
So tilting into darkness go we must.

Thus the fading writer signing off
Sees in the vast perspectives of dispersal
His words float off like tiny seeds.
Wind-borne or bird-distributed notes.
To the very end of loves without rehearsal.
The stinging image riper than his deeds.

Yours must have set out like ancient
Colonists, from Delos or from Rhodes.
To dare the sun-gods, found great entrepôts.
Naples or Rio. far from man's known abodes,
To confer the quaint Grecian script on other men:
A new Greek fire ignited by your pen.

How marvellous to have done it and then left
It in the lost property office of the loving mind.
The secret whisper those who listen find.
You show us all the way the great ones went.
In silences becalmed, so well they knew
That even to die is somehow to invent.



SEFERIS
Lawrence Durrell
tradução: Jorge Wanderley

O tempo nos coleta como a feixes.
Ronda um dia, acena aos raros que vê
(Com um pássaro que em folhas se deixe).
Alguém como K. ou como você.
Alvo em queda livre para a estocada.
- Que à sombra segue nossa caminhada.

Assim o escritor que sai do ar
Vê nos horizontes da dispersão
Suas palavras, um pólen perfeito.
Notas que o vento e o pássaro carregam.
Chegando a amores sem preparação.
Imagem mais madura que seus feitos.

As tuas certamente já partiram
De Delos ou de Rhodes dominantes.
Contra os deuses do sol fundando bases,
Em Nápoles, no Rio, ou nunca dantes
Sonhadas terras, difundindo Grécia:
O novo fogo grego que ofereces.

Maravilhoso é ter leito e deixado
A "achados e perdidos" dos amantes
Este sussurro ouvido por instantes.
O caminho dos grandes vens mostrar.
Que vão silentes, calmos, pois souberam:
Mesmo o morrer confina com criar.

*
ilustração de Joba Tridente

       
Lawrence George Durrell (Jalandhar, Índia: 27.02.1912 - Sommières, França: 07.11.1990) foi romancista, poeta e dramaturgo..., cuja obra mais conhecida é Quarteto de Alexandria, é autor de romances: Pied Piper of Lovers (1935), Panic Spring (pseudonimo: Charles Norden, 1937), The Black Book (1938), The Dark Labyrinth (1947), White Eagles Over Serbia (1957), Quarteto de Alexandria: Justine (1957) e Balthazar (1958) e Mountolive (1958) e Clea (1960); The Revolt of Aphrodite: Tunc (1968) e Nunquam (1970), The Avignon Quintet (1992): Monsieur: or, The Prince of Darkness (1974) e Livia: or, Buried Alive (1978) e Constance: or, Solitary Practices (1982) e Sebastian: or, Ruling Passions (1983) e Quinx: or, The Ripper's Tale (1985); de poesia: Quaint Fragments: Poems Written between the Ages of Sixteen and Nineteen (1931), Ten Poems (1932), Transition: Poems (1934), A Private Country (1943), Cities, Plains and People (1946), On Seeming to Presume (1948), The Poetry of Lawrence Durrell (1962), Selected Poems: 1953-1963 (1964), The Ikons (1966), The Suchness of the Old Boy (1972), Collected Poems: 1931-1974 (1980), Selected Poems of Lawrence Durrell (2006); de drama: Bromo Bombastes, under the pseudonym Gaffer Peeslake (1933), Sappho: A Play in Verse (1950), An Irish Faustus: A Morality in Nine Scenes (1963), Acte (1964); de humor: Esprit de Corps (1957), Stiff Upper Lip (1958), Sauve Qui Peut (1966), Antrobus Complete (1985), além de livros de viagem, ensaios e artigos. Seu círculo de convivência e influência literária reuniam Henry Miller, Theodore Stephanides, Anaïs Nin, Alfred Perles, T. S. Eliot e George Seferis. Para saber mais sobre o polêmico e célebre autor: The Paris Review: Lawrence Durrell, The Art of Fiction No. 23; The American Reader: The Prince Returns: In Defense of Lawrence Durrell; Revista Tiempo en La Casa: Lawrence Durrell: El heraldo negro del futuro de Chipre; Antonio Miranda: Poesia Mundial em Português: Lawrence Durrell; Enciclopedia Britânica: Lawrence Durrel; Wikipedia: Lawrence Durrell; Ecured: Lawrence Durrell.

Jorge Eduardo Figueiredo de Oliveira Wanderley (Recife - PE: 21.01.1938 - 12.12.1999) foi médico, professor de Teoria da Literatura e Literatura Brasileira na UERJ, poeta e tradutor. O autor de Gesta e Outros Poemas (1960), Adiamentos (1974), Microantologia (1974), Coração à Parte (1979), A Foto Fatal (1986), Anjo Novo (1987), Homenagem: Dez Sonetos (1992), Manias de Agora (1995), O Agente Infiltrado e Outros Poemas (1999), traduziu: Vita Nuova/Vida Nova (1987), Lírica (1996) e Inferno (2004), de Dante Alighieri, Os 25 melhores poemas de Charles Bukowski (2003), Sonetos (1991) e Rei Lear (1992), de Shakespeare, Borges poeta (1992), Poemas, de Lawrence Durrel (1995), Cemitério marinho, de Paul Valéry (1974), organizou antologias: Antologia da nova poesia norte-americana (1992), e 22 ingleses modernos: uma antologia poética (1993) e Do jeito delas, vozes femininas de língua inglesa (2008), reunindo as autoras Sylvia Plath, Emily Dickinson, Marianne Moore, Anne Sexton, Hilda Doolittle, Louise Bogan, Elizabeth Bishop, Denise Levertov, Edna St. Vincent Millay, Edith Sitwell, Patricia Hooper e Elinor Wylie. Em 2005 recebeu o Prêmio Jabuti de Tradução (Homenagem Póstuma) por Divina Comédia - Inferno de Dante Aleguieri. Para saber mais sobre o autor e tradutor: Panorama da Palavra: Jorge Wanderley: um agente infiltrado, Alguma Poesia: Palavras soltas; talvez dor, Antonio Miranda: Jorge Wanderley.

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