quarta-feira, 12 de julho de 2017

Joba Tridente: de.la.ta.e.a.li.nha

..., os dias me ardem nos meus gritos contidos. ..., os dias me ardem nos meus gritos imprimidos. ..., os dias me ardem a cada notícia soturna que se espalha pelo ar feito pedúnculo de dente-de-leão em busca de solo útil para se proliferar. ..., os dias me ardem, como em muitos brasileiros.

..., eu me repito no prólogo na busca de novo epílogo. catártico e trágico sigo, por hora, cometendo poemas em prosa desesperada ou prosa em versos desesperados. ou vide o verso ou vide a prosa que hoje de.la.ta.e.a.li.nha o poema que me perseguiu de 19 de junho a 10 de julho de 2017.


                 
de.la.ta.e.a.li.nha
joba.tridente

o rugido do povo não é ouvido..., 
no brasil um homem delata um homem de lata
                                                             no tête-à-tête
sonambula o povo na torta trilha da granja de ovos dourados
na fogueira das quadrilhas vaidosas das bravatas enxadrezadas
no terreiro das vaidades interrompidas por fogos-fátuos amigos
da pururuca a esmo no corte transverso do lombo avantajado
                                                                                  dos três poderes
a não mais contar nos dedos a falta que um fará
                                           no rega-bofe da propina
duto de todas misérias políticas evasivas
em nome da habilidade de  governar do homem de lata
cujo tempo no palácio de cartas manchadas com estrume
                                                                                     não delata

: enquanto o ferrugem cresce e corrói as três paredes
a quarta abafa a tapas a opinião que publica
contra o brilho de alumínio de tolo no ferro frio...


..., se a opinião pública não faz sentido
apossas e não te arrependes
mentes e não te arrependes
da revolta te ausentas surdo ao lume da lata
tua refilada fala ambígua escorrega gélida na europa
                                                                              de ontem
tropeça cálida nos palácios de curvas e retas
                                   nalgum cerrado planalto
na intermitência norte da bússola premida no bolso oculto
na bolsa da mala do soturno mentecapto a galope
sob o esbravejar ensurdecedor dos bicudos da megalópole
serva cega que tateia planos altos sem orçar jamais a queda
nas costas macias do populacho desmemoriado
levado a cortejar o consumo partidário no prato das aflições
que serve cérebros brocados por parasitas doutrinárias
ao sabor de políticas de ocasião que lançam suas larvas
venenosas à direita à esquerda ao centro
no cuspe infecto que alcança norte e sul e leste e oeste
fertilizando os desprovidos de (in)formação

: o uivo solitário que encontra eco no beco
na força dos acordes abre ruelas...


*
foto de Joba Tridente.2015



Joba Tridente, artesão de palavras e imagens em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida – Sangue e Titânio (2017); Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...