domingo, 12 de junho de 2016

Joba Tridente: Serpente

Hoje, um poema que escrevi há exatos 40 anos. Afiando a língua e o verbo: Serpente..., de um tempo em que me alimentava de pão integral, frutas, chá de camomila e mel...



S E R P E N T E
Joba Tridente
a Paulo Kronemberger


habitou a minha cabeça
alguns dias
uma serpente

minha cabeça estava vazia
a serpente veio
trouxe muitas imagens
entre elas a de mim
morto

no deserto vivia um escaravelho
que também queria habitar a minha cabeça
mas temia a serpente

ao escaravelho
perguntei porque a serpente habitava
a cabeça de um SER TODO DE NADA
e ele me respondeu que era porque
a serpente era o NADA DE TODO SER

um dia a serpente foi embora
e levou todas as imagens

um dia o escaravelho foi embora
e levou todas as imagens

fiquei apenas eu
vago num deserto infinito


*
Joba Tridente: 10.06.1976
in Exidílio: os fragmentos de quatro estações e considerações finais
foto e montagem de JT: 2012


Joba Tridente em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2014); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura - 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

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