Quando
publiquei o fascinante poema Paisagem com Criança (Landscape), de Thomas Merton (1915-1968), em belíssima
tradução (livre) do escritor Marcílio
Farias, esperava publicar, em breve, uma boa seleção de poemas do monge
trapista. Continuei recebendo as excelentes traduções (livres) de Farias, mas
ando meio sem tempo para ilustrar a todas. Por isso, fique com esta primeira
leva de cinco maravilhas para cinco dias de reflexões sobre ser humano. Começo
com Primeira Lição Sobre o Homem, um
das mais antigas traduções de Marcílio Farias para First lesson about Man.
PRIMEIRA LIÇÃO SOBRE O HOMEM
um poema de Thomas Merton
um poema de Thomas Merton
in memoriam Martin Luther King Jr.
(assassinado em 04.04.1968)
(assassinado em 04.04.1968)
em tradução
(livre) de Marcílio Farias*
O Homem começa na Zoologia
Porque, dos animais, é o mais Triste.
Ele dirige um carro grande luxuoso e vermelho
Chamado ansiedade
Sonhando à noite que sobe e desce
Em múltiplos elevadores que
Se abrem para corredores imensos nos
Quais jamais acha a porta certa.
Porque, dos animais, é o mais Triste.
Ele dirige um carro grande luxuoso e vermelho
Chamado ansiedade
Sonhando à noite que sobe e desce
Em múltiplos elevadores que
Se abrem para corredores imensos nos
Quais jamais acha a porta certa.
O homem é o animal mais triste, um
Comedor matinal de cereais e leite que
Banha sua pele em café e
Perde a paciência com
A origem das espécies.
Comedor matinal de cereais e leite que
Banha sua pele em café e
Perde a paciência com
A origem das espécies.
O Homem desenha sua pele nos muros do
mundo
E nas paredes do metrô
E desenha bigodes em todas as
Mulheres porque não sabe sorrir e ter prazer
A não ser na Zoologia.
Onde quer que ache uma cabine telefônica
Para ligar o numero do prazer
Ele sempre disca o numero errado.
E nas paredes do metrô
E desenha bigodes em todas as
Mulheres porque não sabe sorrir e ter prazer
A não ser na Zoologia.
Onde quer que ache uma cabine telefônica
Para ligar o numero do prazer
Ele sempre disca o numero errado.
Então ele constrói armas e se
Apaixona por revólveres
E por nomes pomposos e
Por carros lustrosos e negros
Com a marca da morte.
E agora lança Ansiedade a Marte e as
Estrelas como se afugentasse seus medos
Para a órbita de Vênus
- mas nem isso o acalma porque no
Espaço onde tenta fugir
Só existe o vazio e uma série de
Globos luminosos chamados Morte.
Apaixona por revólveres
E por nomes pomposos e
Por carros lustrosos e negros
Com a marca da morte.
E agora lança Ansiedade a Marte e as
Estrelas como se afugentasse seus medos
Para a órbita de Vênus
- mas nem isso o acalma porque no
Espaço onde tenta fugir
Só existe o vazio e uma série de
Globos luminosos chamados Morte.
E assim, crianças,
Termina a primeira lição sobre o Homem. E agora
Crianças, podem começar a prova respondendo a
Pergunta que se segue:
“Por que será que o homem, esse animal
Mais triste, que começa com a Zoologia,
Perde-se todos os dias
Em seus próprios desastres?”
Termina a primeira lição sobre o Homem. E agora
Crianças, podem começar a prova respondendo a
Pergunta que se segue:
“Por que será que o homem, esse animal
Mais triste, que começa com a Zoologia,
Perde-se todos os dias
Em seus próprios desastres?”
*
foto de Joba Tridente.2014
* Nota do Tradutor: Tradução livre de First
lesson about Man, incluído no ultimo livro de Merton (Cables to the Ace) publicado postumamente em 69, alguns meses
depois de seu assassinato na Tailândia - onde se encontrava para um encontro
com seu amigo Tenzin Gyatso, 14º. Dalai Lama.
Thomas Merton
(1915-1968), escritor e monge trapista da Abadia de Getsêmani, Kentuchy, foi
ativista social, pacifista e estudioso de religiões comparadas. Escreveu mais
de setenta livros de prosa e verso, a maioria sobre espiritualidade. Em 1944
publicou Thirty Poems. O segundo
livro, A Man in the Divided Sea, foi
lançado em 1946. Entre suas
obras de grande repercussão se destacam The
Seven Storey Mountain (1948); No Man
Is An Island (1955); The Way of
Chuang Tzu (1965). Fontes: Wikipédia e Thomas Merton Center.
Marcílio Farias é
formado e pós-graduado pela UnB (Universidade de Brasília) em Jornalismo,
Cinema e Filosofia. Em 1989 emigrou para os Estados Unidos. Vive e trabalha
entre Natal (Brasil) e Phoenix-Miami-Boston (EUA). Obras
publicadas/poesia: Visual Field (1996),
Watermark Press, MD, EUA; O Livro Cor de Triângulo Cor-de-Rosa (2007),
e Rito para Ressuscitar um Elefante
(2010), ambos pela Scortecci Editora, São Paulo, Brasil. Link: Currículo
completo. Poemas publicados no Falas
ao Acaso: Moebius; Mandala; Passado incômodo; (John); Diálogo visto de longe na Praça de Sé.
Grato por introduzir Merton aos seus leitores, caro Amigo e Poeta Imenso. Marcilio
ResponderExcluir..., grato a você, poeta por me dar a oportunidade de conhecer Thomas Merton através da sua leitura tão particular. ..., a próxima série de poemas, ainda sem data, será sobre Cidades. abs.
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