terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Joba Tridente: no meio do caminho

Na década de 1990 alguns queridos amigos desapareceram da Terra, levado pela SIDA (AIDS). Outros desapareceram depois. Hoje, no Dia Mundial de Prevenção Contra a AIDS, dedico no meio do caminho aos amigos que foram antes e ou que sumiram depois.



no   meio   do   caminho
joba tridente

no meio do caminho
tinha um vírus e muitos amigos
tropeçaram nele e caíram
versos e tombaram prosa
esfolaram pensamentos
rasgaram telas e sujaram
desenhos voaram promessas
e vozes calaram cantos

nomes confundiram nobres
profissões confundiram opções
arquivos de segunda encalharam
no domingo dia inútil
dos esquecidos o sexo perdeu o sabor
a boca não encontrou o dom
da palavra de anônimos
famosos colunáveis
tropeçados pelo medo
alheio maior que o próprio
medo

não são mais artistas
da escrita da plástica da música
do pensamento
da ciência da religião da mente
apenas reticências
na matemática da morte
o número é mais que estigma
o nome é menos que nada
ou igual a qualquer José
na cabeça do temente
a doença é blasfêmia
o vírus é inominável
o homem é o seu próprio (**)
na cabeça do ausente
deus é a sua própria (*****)


jt: poema: 21.01.1998 e ilustração: 30.11.2012


Joba Tridente em Verso: 25 Poemas Experimentais (1999); Quase Hai-Kai (1997, 1998 e 2004); em Antologias: Hiperconexões: Realidade Expandida (2015); 101 Poetas Paranaenses (2015); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo da minha janela (2014); Ebulição da Escrivatura – 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos Stankienambás (2000); Cidades Minguantes (2001); O Vazio no Olho do Dragão (2001). Contos, poemas e artigos culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo, Revista Planeta, entre outros.

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