Num mundo a cada dia mais dominado pela insana “vontade” humana de Deus, uma
lenda cotidiana na reza de cada (in)fiel. Quequé
(Que quer) não chega a ser um neologismo. Está mais para o falar coloquial, o
dialeto caipira. Comecei este triângulo poético em 2013, com a fabulosa lenda do Deus Quequé e subserviência. Findo, em 2015, com ladainha. Os dois primeiros já foram
publicados aqui. Revistos, juntam-se ao terceiro.
I
a
fabulosa lenda do Deus Quequé
joba tridente
poesia in complete
ontem no princípio
do nada
uma bolha ácida
ploft!
: Deus
Quequé
omni!
o que era é o será
omni!
Deus
Quequé
eu bufo eu
Deus
Quequé
verbo em verso
desfazedor do que cria
odiador do que ama
desgraçador da alegria
punidor do gentio
prendedor do livre
verso em verbo
vingador docente
doente errante
epifania indecente
omni!
Deus
Quequé
ignorância animal
omni!
Deus
Quequé
ignorância in natura
omni!
Deus
Quequé
sádico reflexo
hominídeo
irônica imagem
Deus
Quequé
omni!
• • •
ira iriada
II
subserviência
joba tridente
poesia in complete
hoje
tudo é
Deus
Quequé
nada é
Deus
Quequé
puta não pare
Deus
Quequé
puta pare
Deus
Quequé
filho da puta
... mata ...
Deus
Quequé
• • •
omni!
III
ladainha
ladainha
Joba Tridente
poesia in complete
amanhã
sem
Deus
Quequé
Deus omni
Quequé
Deus hominídeo
Quequé
Deus homilia
Quequé
Deus
Quequeria:
o infiel violado!
Deus
Quequeria:
a maçã lexical!
Deus
Quequeria:
a fé abalada!
Deus
Quequeria:
o antigo perpetuado!
Deus
Quequeria:
o fiel dizimado!
Deus Quequeria:
alfas tementes
dementes gamas
ômegas inocentes
Deus omni
Quequeria
Deus hominídeo
Quequeria
Deus homilia
Quequeria
amém, omni!
Deus encara
Quem
encarna Deus
Quem
escancara
Quem não é Deus
não É
verbo
É
metonímia
• • •
: ploft!
*
ilustrações de joba tridente.2013/15
Joba Tridente em Verso : 25 Poemas
Experimentais (1999); Quase Hai-Kai
(1997, 1998 e 2004); em Antologias:
Hiperconexões: Realidade Expandida (2015);
101 Poetas Paranaenses (2015); Ipê Amarelo, 26 Haicais; Ce que je vois de ma fenêtre - O que eu vejo
da minha janela (2014); Ebulição da
Escrivatura – 13 Poetas Impossíveis (1978); em Prosa: Fragmentos da História
Antropofágica e Estapafúrdia de Um Índio Polaco da Tribo dos
Stankienambás (2000); Cidades
Minguantes (2001); O Vazio no Olho
do Dragão (2001). Contos , poemas e artigos
culturais publicados em diversos veículos de comunicação: Correio Braziliense, Jornal Nicolau, Gazeta do Povo ,
Revista Planeta ,
entre outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário