terça-feira, 9 de outubro de 2012

José Paulo Paes: Pescaria


Pescaria - Ilustração de Joba Tridente para Falas ao Acaso

Nesta Semana da Criança estou postando, a cada dia, um texto diferente, em prosa e ou em verso, de autor brasileiro e ou estrangeiro. A terça-feira é de José Paulo Paes e seu divertido poema Pescaria, do livro Poemas Para Brincar.


Pescaria

Um homem
que se preocupava demais
com coisas sem importância
acabou ficando com a cabeça cheia de minhocas.
Um amigo lhe deu então a ideia
de usar as minhocas
numa pescaria para se distrair das preocupações.
O homem se distraiu tanto
pescando
que sua cabeça ficou leve
como um balão
e foi subindo pelo ar
até sumir nas nuvens.
Onde será que foi parar?
Não sei
nem quero me preocupar com isso.
Vou mais é pescar.


Na dissertação da Pesquisadora Maria Teresa Gonçalves Pereira (UERJ), em O Jogo Verbal em José Paulo Paes Marca Um Estilo Peculiar: José Paulo Paes é um artífice que instrumentaliza a poesia em perfeita inter-relação de modalidades linguísticas ao lado de eficiente quebra de barreiras formais. Dirige-se ao público infanto-juvenil, conjugando autor-leitor, na certeza de que a expressividade e a plenitude da língua não se escondem em construções elaboradas e herméticas, realizando-se por todos e para todos, além do que se associam escolhas primorosas fornecidas pelo sistema linguístico à eficácia no ato comunicativo. (...) Trata-se de um poeta que conhece o leitor, considerando-o, respeitando-o e apostando na sua inteligência. Trabalhando a Língua Portuguesa, não desvaloriza ou hierarquiza qualquer aspecto linguístico, usando todo o potencial expressivo das variedades dialetais, regionais e culturais, José Paulo Paes mostra que a qualidade não se prende a uma só vertente literária ou a uma modalidade de língua.

José Paulo Paes (1926-1998): escritor de verso e prosa, tradutor, crítico literário e ensaísta. Morou e estudou em Curitiba, onde colaborou com a revista literária Joaquim, dirigida por Dalton Trevisan. Em  1947 lançou O Aluno, seu primeiro livro. É autor, entre outros, de : Cúmplices (1951), Novas Cartas Chilenas (1954), Epigramas (1958); Anatomias (1967), Meia Palavra (1973), Resídua (1980), É Isso Ali - 1984,  Gregos e Baianos (1985), A Poesia Está Morta Mas Juro Que Não Fui Eu (1988), Poemas para Brincar - 1990, Prosas Seguidas de Odes Mínimas (1992), A Meu Esmo (1995), Um Passarinho Me Contou - 1996, Poesia Para Crianças (1996), A Revolta das Palavras (1999) , Ri Melhor Quem Ri Primeiro (1999). 

Ilustração de Joba Tridente. 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...