A Boneca
Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira: “É minha ! “
— “É minha!” a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.
Tanto puxavam por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando a bola e a peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram
sem a boneca...
Olavo
Brás Martins dos Guimarães Bilac (16.12.1865 – 28.12.1918), jornalista,
escritor e membro fundador da Academia Brasileira de Letras (1896), onde ocupou
a cadeira 15, cujo patrono é o poeta Gonçalves Dias. É autor de Poesias
Infantis (1904 ou 1929); Teatro Infantil (?); Contos Pátrios (1904); Antologia
Poética (?); Crônicas e Novelas (1894); Tarde (1919); Crítica e Fantasia
(1906); Tratado de Versificação (1910); Dicionário de Rimas (1913); Ironia e
Piedade (1916); Conferências Literárias (1906).
Ilustração
de Joba Tridente.2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário